quarta-feira, 30 de maio de 2007

Essa é para os terceiros!!

O site www.klickeducacao.com.br me enviou comunicado esta semana sobre aulas on-line nas quartas-feiras à tarde.
O assunto é sempre Literatura, e quem quiser pode participar. É um chat, em que um professor está pronto para responder dúvidas sobre Literatura, leituras obrigatórias, etc.
Quem estiver interessado, acesse a página e se informe sobre os assuntos das aulas. Pode-se, inclusive, ler as aulas anteriores. É muito legal. Vale a pena conferir!!

Literário X Não-Literário: como assim?

Ontem ainda me perguntaram qual é mesmo a diferença entre literatura e não-literatura.
É muito comum, quando os garotos e garotas estão começando a estudar Literatura, que surja esta dúvida: como saber quando temos um texto literário em nossas mãos?
Na verdade, o texto literário se diferencia do não-literário basicamente por não ser um texto com mera intenção comunicativa.
Assim: um texto literário vai muito além da simples informação que visa à comunicação de alguma idéia.
* Um texto literário pode ter ficcionalidade (ser uma invenção, não precisar ser um retrato da realidade).
* Além disso, valoriza o significante, isto é, preocupa-se com a forma do texto, não apenas com o conteúdo (como um poema, por exemplo, que é apresentado de maneira diferente de uma narrativa, porque tem versos, e não linhas).
* A plurissignificação também está presente num texto literário: quer dizer que cada um que lê pode entender uma coisa diferente (é a livre interpretação).
* Por isso, um texto literário pode ser original e, ainda por cima, não precisa ter intenção nenhuma (como um poema que a gente lê e que é simplesmente belo!).
* Dessa forma, um texto não-literário é o oposto de tudo isso: é apenas um texto direto que comunica.
***A crônica jornalística é um texto que às vezes se atrapalha (e nos atrapalha!!), mas faz parte dos mistérios da Literatura...
Bem, espero que tenha sido clara e útil.

domingo, 20 de maio de 2007

Dias & Dias: um Gonçalves para conhecer

O romance Dias & Dias, de Ana Miranda, é um retrato ficcional de um dos nossos maiores poetas. O grande criador de I-Juca Pirama, incentivador de uma literatura nacionalista, está nas páginas deste grande livro. Não perca! Ah, querendo saber mais um pouco sobre o Gonçalves Dias, acesse o link da Discutindo Literatura, leia a edição de nº 4 e se delicie com um artigo sensacional sobre sua vida e obra!!

Álvares de Azevedo: um gótico romântico?

Quem disse que ser gótico é uma onda recente? Ou que a idéia fixa na morte e em outras esquisitices como sofrer pelos cotovelos é caso de tribos que se vestem de preto?
Pois o Romantismo, estilo de época que marcou o século XIX nas artes mundiais, se valeu de uma das vertentes da arte gótica para expressar com muita propriedade os sentimentos e ideais de muitos jovens poetas, como um brasileiro chamado Álvares de Azevedo. Quer ler mais sobre ele, como foi sua - breve - vida, e o que mais ele escreveu, além de Noite na taverna e Lira dos Vinte Anos? A revista Discutindo Literatura (links legais) traz, na edição nº 5, uma matéria muito legal sobre esse escritor, pena que não está disponível on-line. Vale a pena procurar a revista!

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Um Cheiro no Ar

Estava sentada à mesa da sala de aula. Envolvida com tantas provas e trabalhos, esqueci do horário. Já passava do meio-dia, com certeza, mas não conseguia levantar daquela cadeira. O que me prendia ali era muito mais do que a minha profissão, me arrastando para aquelas correções intermináveis. Havia no ar um cheiro que recendia a antigamente. As janelas semi-abertas deixavam ver, naquele pátio vazio de alunos, uma árvore lá no fundo. Fechei meus olhos. A respiração foi se esvaindo lentamente. A árvore estava lá, mas diferente. Tinha mais folhas. Seriam meus olhos? Havia agora algumas crianças brincando de roda em torno dela. Engraçado. Usavam saias as meninas e os guris calças curtas. Devia ser uma festa, uma atividade especial. Talvez. O barulho do outro turno de aula recomeçou. Tocaram uma sineta. Sineta? Vai ver a campainha estragou e eu nem fiquei sabendo. Também pudera, com tanto trabalho! Onde estava com a cabeça quando resolvi ser professora de Português? Por que cargas d’água não escolhi ser das Artes? Ou da Geografia? Nada contra os meus colegas, por quem tenho o maior respeito, mas... O raio do português nos deixa estressados. Todo mundo “anota” os erros dos alunos. Mas quem tem a responsabilidade de fazer aquelas cabecinhas entenderem que casa e asa se escrevem com S é a gente. Agente. É assim que a maioria dos alunos escreve. Junto. E por quê? Por que é que tem tantos porquês, professora? É por isso que sou professora de português. Pra ensinar. O problema é que gosto. E quando a gente gosta de uma coisa, nem o diabo pra fazer a gente desistir. Se os alunos me vissem falar assim! Credo! As crianças foram entrando na sala de aula. Eu tinha, de fato, aula depois, de tarde. Mas aqueles não eram meus alunos. Houve algum engano? perguntei. Ao que todos responderam, em coro: Boa tarde, professora! Quanta educação! É. Não são os meus alunos, aqueles da oitava série B, que quando eu entro nem me enxergam. Quando eu ia perguntar se houve algum engano, uma menina, linda e sardenta, de cabelos vermelhos, se aproximou e disse que era a vez dela fazer a oração do dia. Eu engasguei e emudeci. Percebi que era a mim que eles realmente viam como a sua professora. Foi quando a menininha, no alto de seus, creio eu, doze anos, terminou a reza e sentou. E todos estavam sentados. Sentados e mudos. Ficamos todos neste estado de petrificação durante alguns minutos. Não demorou muito para que um garoto fizesse a clássica pergunta: qual é o ponto de hoje, professora? Ao que fiquei vermelha. Ponto? Que ponto? Eu estava trabalhando com crase. Olhei para baixo e percebi que o assoalho brilhava, e o piso de madeira parecia novo, como se a escola tivesse acabado de ser reformada. Mas a última reforma foi há tanto tempo... Não. O piso nem era de madeira mais. Era vulcapiso. Borracha! Devia estar ficando louca. Aquelas crianças, aquele lugar. Tudo estranho. E eu não era estranha para elas. Minhas pernas começaram a tremer e minha cabeça a girar. Tive uma vertigem violenta. Uma mão carinhosa me acariciou os cabelos. Professora! Professora! A senhora tá bem? Levantei a cabeça e olhei para a árvore. Estava lá. Imóvel. Não havia mais crianças brincando ao redor dela. O vozerio do turno da tarde zunia agora nos meus ouvidos. Esfreguei os olhos, coloquei os óculos, caídos em cima da mesa. Tive que gritar para conseguir silêncio. A tarde estava muito quente e os alunos infernais. Crase! Vamos continuar nos exercícios de crase! Escrevi três exercícios de crase no quadro-verde e sentei. As pilhas de trabalhos permaneciam na minha frente. E no ar havia um cheiro de hoje, de agora, que eu não consigo explicar.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

LER

Ler é, sem dúvida, uma das grandes possibilidades do ser humano de se conhecer: é através da leitura do Outro que podemos identificar nossa própria página.
Não há quem não tenha encontrado nas páginas alheias suas próprias histórias, fazendo do livro estrangeiro a ponte para sua Pasárgada.