Parafraseando Hamlet, no seu mais famoso solilóquio, ser ou não ser, eis a questão, o problema sério da leitura em nosso país atravessa um de seus mais interessantes momentos. Fala-se muito acerca da falta da leitura do jovem, da inapetência viral ao livro, mas se esquece de que leitura, assim como qualquer outra atividade do mundo civilizado, necessita de estímulo.
Inúmeras poderiam ser as razões ora elencadas para se comprovar a falta de estímulo ao ato de ler: desde a carência do exemplo familiar até o alto custo dos livros no Brasil. No entanto, também podem ser citados exemplos de ações que visam à melhoria do índice de leitura em solo brasileiro. Entre essas ações, destacam-se as centenas de remessas de obras de escritores conceituados às escolas públicas de norte a sul, os projetos de incentivo à leitura, como o da Nestlé e, mais recentemente, o Viva a Leitura, uma iniciativa do MEC.
Mas, no plano concreto, o ato de abrir as páginas de um livro ainda se repete de forma muito incipiente e parca na rotina de nossos jovens leitores. E, aí sim, está o problema: por quê? Os livros estão aí, ocupando espaços significativos nas bibliotecas particulares e públicas, à espera do leitor. Desenvolver atividades de cunho cultural envolvendo a leitura é uma das formas de ação mais eficaz para incentivar o leitor em potencial. É evidente que, entre ficar horas no msn ou simplesmente assistindo à televisão, o adolescente não titubeia, e, se ele assim age, não será diferente mais tarde, quando se tornará um cidadão avesso às letras. Quem está lendo este artigo, encontrará exemplos deste tipo de analfabeto funcional num piscar de olhos. Claro que a leitura não se restringe ao livro, a mídia, incluindo a internet, utilizam-se não apenas dos apelos não-verbais, mas, principalmente, de palavras escritas. Entretanto, ler uma obra literária é diferente: são estruturas complexas que fazem com que o leitor lance mão de ferramentas mentais apropriadas a este tipo de texto, quer na compreensão de situações imbricadas no enredo, quer na apreensão do vocabulário e das estruturas gramaticais ali expostas.
Por isso, ler ou não ler, ser ou não ser, se confundem, se mesclam na necessidade de lermos, hoje, para sermos: cidadãos habilitados a debater as questões cruciais de nossa vida, como por exemplo, o grande prazer de que abdicamos quando não lemos.
domingo, 22 de julho de 2007
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2 comentários:
Oi sora.
Li um texto que acho que tem tudo a ver com o que foi dito (escrito);
" A televisão
A tevê dispara imagens que reproduzem o sistema e as vozes que lhe fazem eco; e não há canto do mundo que ela não alcance. O planeta inteiro é um vasto subúrbio de Dallas. Nós comemos emoções importadas como se fossem salsichas em lata, enquanto os jovens filhos da televisão, treinados para contemplar a vida em vez de fazê-la, sacodem os ombros.
Na América latina, a liberdade de expressão consiste no direito ao resmungo em algum rádio ou em jornais de escassa circulação. Os livros não precisam ser proibidos pela polícia: os preços já os proíbem."
Eduardo Galeano - O Livro dos Abraços.
Enfim, acredito que o interesse pela leitura de nada vale quando não se tem acesso à ela.
Já aqueles que possuem o acesso, mas não o interesse, é outra história, muito bem colocada por ti no texto.
Adorei.
Beijos, sora.
P.S: Apaguei sem querer meu comentário anterior.
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